Tipos de máscaras e suas utilizações: Tudo o que precisa de saber

máscara kn95

Com o aparecimento do Coronavírus e o uso obrigatório de máscaras, tem havido um maior interesse pelos diferentes tipos de máscaras e suas utilizações.

O profissional de Medicina Dentária está familiarizado com a utilização de máscaras durante os tratamentos. Nos tratamentos dentários há transmissão de partículas no ar entre o paciente e o profissional.

Devemos compreender os mecanismos para saber como nos protegermos de forma correta e evitamos a contaminação cruzada entre paciente e profissional.

Na transmissão por via aérea, existem dois mecanismos diferentes:

  •  Transmissão por “gotículas”: partículas superiores a  5 µm emitidas durante a fala, tosse ou espirro, que se instalam rapidamente no ambiente e contaminam as superfícies do gabinete bem como as mucosas do ouvido, nariz e garganta.
  •  Transmissão por “aerossóis”: partículas finas <5 µm, emitidas pela respiração do doente que podem ser transportadas a longas distâncias e são inaladas pelo dentista.

Como recordatório, um coronavírus mede 100-150 nm, ou 0,1 µm.

As medidas de proteção devem ser adaptadas de acordo com cada caso, mas, geralmente, nos tratamentos dentário existe a emissão de gotas e aerossóis.

3 tipos de máscaras que são frequentemente utilizadas: a máscara de tecido (também designadas de máscaras sociais ou comunitárias e classificadas como produto textil), a máscara cirúrgica (dispositivo médico) e a semi-máscara de proteção respiratória (Equipamento de Prtecção Individual-EPI).

A viseira ou ecrã de proteção cria uma barreira adicional contra salpicos, útil para proteger os olhos e o rosto, no entanto, esta não filtra o ar e não deve ser considerada como um tipo de proteção único (sempre um complemento das máscaras, como alternativa aos óculos de proteção).

tipos de máscaras

Qual é a diferença entre uma MÁSCARA CIRÚRGICA e uma SEMI-MÁSCARA DE PROTEÇÃO (FFP)?

A utilização das máscaras deve respeitar a norma da DGS 07/2020 de 29/3/2020 destinada a Profissionais de Saúde, a Orientação 19/2020 de 3/4/2020 destinada a outros profissionais e a Informação nº 09/2020 de 13/4/2020 destinada a todos os cidadãos.

As máscaras produzidas em território nacional devem respeitar as especificações técnicas DGS/Infarmed/ASAE/IPQ de 14/4/2020 e todos os produtos importados devem cumprir as orientações Infarmed/ASAE publicados nos termos do decreto Lei nº14-E/2020 de 13/4/2020.

Uma máscara cirúrgica é um dispositivo médico regulado pela Directiva 93/42/CEE e deve cumprir a norma EN 14683:2019. O seu objetivo é evitar a projeção de gotas emitidas pela pessoa que usa a máscara. Também protege o utilizador contra a projeção de gotas emitidas por outra pessoa. Portanto, protege as gotas em ambos os sentidos. No entanto, não protege contra a inalação de partículas muito pequenas no ar, pelo que o profissional não está protegido contra partículas finas (aerossóis).

Existem três tipos de máscaras:

  • Tipo I: eficiência da filtração bacteriana >95%.
  • Tipo II: eficiência da filtração bacteriana >98%.
  • Tipo IIR: eficiência de filtração bacteriana >98% e resistente a salpicos.

As máscaras cirúrgicas geralmente utilizadas na odontologia são as IIR, ou mesmo II. O tempo de utilização recomendado pelos fabricantes, não é exato, mas recomendam que se deve mudar de máscara de 4 em 4 horas. Se a máscara se molhar ou se a temperatura for superior a 40°C, deve ser mudada imediatamente. Para evitar a contaminação cruzada, é necessário mudar a máscara entre cada paciente.

Uma máscara de proteção (FFP) é um equipamento de proteção individual (EPI) que serve de proteção respiratória. Sendo regulado pelo Regulamento (UE) 2016/425 e deve cumprir a norma EN 149:2001+A1:2009. O seu objetivo é proteger o utilizador da inalação de gotas, mas também de partículas no ar, que podem conter agentes infeciosos. No entanto, não protege completamente o paciente da expiração de partículas finas do profissional, mas sim das gotas. A utilização deste tipo de máscara é mais restritiva (desconforto térmico, resistência respiratória) do que a de uma máscara cirúrgica.

Existem três categorias de máscaras FFP, em função da sua eficácia (segundo a sua eficácia do filtro e da fuga facial). Podem ser assim distinguidas:

  • As máscaras FFP1 filtram pelo menos 80% dos aerossóis (fuga de ar para o exterior <22%).
  • As máscaras FFP2 filtram pelo menos 94% dos aerossóis (fuga de ar para o exterior  <8%)
  • As máscaras FFP3 filtram pelo menos 99% dos aerossóis (fuga de ar para o exterior  <2%).

Para o profissional de medicina dentária, deve utilizar-se uma máscara FFP2. Se o vírus for transmitido apenas por gotículas, a máscara FFP2 é suficiente. Quando o procedimento for gerador de aerossóis é necessário ter a máxima cautela e multiplicar as barreiras de proteção (máscaras, viseiras, gorros, etc.), podemos também associar a utilização de dupla mascara em que colocamos uma mascara do tipo FFP2 e por cima uma mascara cirúrgica.

Os médicos dentistas também devem certificar-se que as máscaras se adaptam corretamente à forma do seu rosto e que não apresentam fugas: poderá verificar se a sua máscara está bem ajustada com um teste chamado Fit-Check.

Também pode utilizar um protetor de orelhas para as máscaras para evitar irritações e desconfortos causados pelo uso prolongado. A máscara irá pressionar o seu rosto de forma mais eficaz. Esta técnica é especialmente recomendada para pessoas com rostos pequenos ou pessoas com desconforto na parte de trás das orelhas devido às alças da máscara. Encontrará um exemplo na imagem abaixo:

máscaras e protetores de orelhasMáscaras FFP2: Cuidado com as falsificações!

Segundo as autoridades, as máscaras que cumprem com os requisitos de certas normas estrangeiras podem ser utilizadas excepcionalmente, porque nos encontramos num período de escassez. O desempenho da filtração deste material filtrante é muito semelhante entre as máscaras FFP2 (norma europeia EN 149), as máscaras N95 (norma americana NIOSH 42C-FR84) e as máscaras KN95 (norma chinesa GB2626-2006).

Por isso, é muito importante verificar as normas das máscaras que compra ao seu distribuidor já que nem todas são iguais. Na Dentaleader, estamos em conformidade com todos os testes e certificados de laboratório e também verificamos e testamos as máscaras KN95 recebidas pelos nossos fornecedores.

As máscaras FFP2 falsificadas ou com certificados CE falsificados estão por todas as partes do mercado; e é importante avisar os dentistas e os profissionais de saúde deste perigo, pela sua segurança. Diariamente, recebemos propostas de máscaras FFP2, mas todas são cuidadosamente analisadas pelo nosso departamento de qualidade.

máscaras ffp2

Muitas das máscaras KN95 da China têm a marcação FFP2 ou CE muitas vezes incorrectas, pelo que não se deve ter em conta esta informação, mas sim verificar os testes que as acompanham. De facto, para serem legais no seu país, as máscaras KN95 chinesas devem imperativamente cumprir a norma chinesa GB 2626-2006 e esta norma deve ser validada por um laboratório oficial da lista de institutos acreditados pelo Governo chinês (CNAS: Servicio Nacional de Acreditação da China).

Pode encontrar aqui toda a informação com as recomendações da Direção Geral de Saúde.

A norma EN 149: 2001 + A1: 2009

Esta norma especifica as características dos aparelhos de proteção respiratória filtrantes. As máscaras, para que possam ser qualificadas como FFP, devem cumprir com todos os requisitos incluídos na norma EN149 (2001 e revista em 2009).

Com a publicação da versão de 2009 da norma, a designação de máscara de proteção respiratória passou a ser “máscara com filtro de partículas”. A sigla NR ou R é acrescentada após FFP1, FFP2, FFP3:

NR (“não reutilizável”): A utilização da máscara com filtro de partículas é limitada a um dia útil (8 horas). Não é reutilizável.

R (“reutilizável”): A máscara com filtro de partículas pode ser utilizada durante mais do que um dia útil. É reutilizável.

As máscaras respiratórias FFP são consideradas equipamentos de proteção individual (EPI). Indicamos as marcas que devem de aparecer nas máscaras legalmente:

  • Nome do fabricante.
  • Referência da máscara.
  • CE e número do organismo de certificação + EN149: 2009 + classe de máscara (FFP1, FFP2 ou FFP3) + sigla (NR ou R).

Os 3 ensaios principais realizados para a norma EN 149:2001 + A1:2009

As máscaras são testadas de acordo com vários critérios para serem qualificadas e certificadas:

  • Fuga total para o interior.
  • Penetração do material filtrante.
  • Resistência respiratória.

 

Posso desinfetar uma máscara descartável após a sua utilização?

A AEMPS publicou um guia sobre o reprocessamento de máscaras, mas pedimos a maior prudência em relação à reutilização das máscaras. O protocolo de reprocessamento é particularmente complicado.

Nas redes sociais surgiram vários tutoriais para desinfetar as máscaras KN95, tratá-las com UV ou esterilizá-las em autoclave. No entanto, os fabricantes de máscaras não recomendam este tipo de prática.

 

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