Muitas vezes, tendemos a pensar que os efeitos do tabaco sobre a nossa boca se limitam a simples manchas nos dentes ou ao aparecimento de halitose, mas poderíamos dizer que estas são as consequências menos graves; o verdadeiro problema está naquilo que não vemos.
Segundo estimativas recentes, o consumo de tabaco em Portugal é responsável por 10,6% das mortes, tendo, só em 2016, morrido mais de 11.800 pessoas por doenças atribuíveis ao tabaco.
Ter boa higiene oral ajuda a prevenir doenças, mas não implica que sejamos imunes aos efeitos do tabaco. A cavidade bucal é um dos locais onde os efeitos nocivos se manifestam mais claramente, pois constitui, juntamente com as vias respiratórias, a principal porta de entrada do fumo no nosso organismo.
O tabaco e a saúde oral
O tabaco, seja em formato industrial, tabaco de enrolar ou tabaco de mascar, é altamente prejudicial tanto para a nossa saúde oral como geral. Além disso, aumenta a possibilidade de sofrer de outras doenças.
A nível oral, o efeito mais grave em consequência do consumo de tabaco é o cancro oral, mas existem mais problemas de saúde causados pelo tabagismo.
A única forma de mitigar os efeitos negativos do tabaco consiste em deixar de o consumir. O efeito viciante da nicotina é muito forte, mas não há outra solução.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em Portugal, a taxa de fumadores entre a população adulta é de 20%.
Queremos aproveitar o Dia Mundial sem Tabaco, comemorado no dia 31 de maio, para recordar os efeitos nocivos e as consequências do tabagismo para a saúde oral.
Efeitos do tabaco na saúde oral
Coloração dos dentes
Os dentes de um fumador tornam-se amarelados devido à nicotina e ao alcatrão que se depositam na superfície dentária e, em muitos casos, chegam a penetrar nos túbulos dentinários.
Halitose
Os componentes nocivos do tabaco geram halitose ou acentuam aquela de que já se sofre. Além do cheiro a tabaco, este potencia a secura e irritação das mucosas da boca e das vias respiratórias, pelo que não se verifica uma oxigenação adequada e surge o mau hálito.
Deterioração do sentido do gosto e do olfato
Segundo a American Dental Association (ADA), a ação do tabaco limita a perceção de sabores e odores, especialmente os salgados; isso faz com que os fumadores tendam a abusar inconscientemente do sal, o que pode causar subidas da tensão arterial.
Aumento do risco de sofrer de periodontite
O consumo de tabaco, além de causar um risco três vezes maior de sofrer de periodontite e de que esta progrida mais rapidamente, em geral adia muito o diagnóstico; isto acontece porque o tabaco é um vasoconstritor (reduz a irrigação sanguínea das gengivas), o que provoca uma aparência das gengivas mais pálida e menos inflamada que não corresponde à realidade.
Baixa taxa de êxito nos tratamentos
O tabaco retarda a cicatrização das feridas, tanto de origem traumática como cirúrgica, e também diminui a irrigação sanguínea nas gengivas dos fumadores, o que os torna mais propensos a sofrer infeções e reduz significativamente a capacidade de reparação dos tecidos.
Além disso, a taxa de insucesso dos implantes dentários é duas vezes superior entre a população fumadora, devido a maiores dificuldades para o implante se unir ao osso.
Propensão para o aparecimento de cáries
O tabagismo influencia também o aparecimento deste tipo de lesões, pois entre os fumadores verifica-se uma maior quantidade de cáries nas raízes dos dentes, já que este hábito provoca a perda do seu suporte e expõe a raiz. Por outro lado, os fumadores apresentam uma diminuição da secreção salivar, o que implica uma menor capacidade neutralizadora da placa.
Cancro oral
O tabaco contém um elevado número de substâncias cancerígenas e, além disso, quando associado ao álcool, que permeabiliza ainda mais as mucosas, aumenta consideravelmente o risco de sofrer de cancro oral.
Embora a incidência do cancro oral na população não seja das mais altas, esta patologia apresenta uma elevada taxa de mortalidade, pois geralmente é diagnosticada em estádios avançados.
Se tiver alguma dúvida sobre os efeitos do tabaco nos seus dentes e gengivas, não hesite em consultar o seu médico dentista, que estará disponível para lhe prestar ajudar.
Conselhos de saúde oral para pacientes fumadores
É muito provável que tenha vários pacientes fumadores e estes devem dar uma especial atenção à sua higiene e saúde oral. Se um paciente não fumador deve escovar os dentes pelo menos três vezes por dia, um paciente fumador deverá escovar com maior frequência devido à quantidade de resíduos na boca.
Deverá alertar os pacientes fumadores dos cuidados da língua e da sua escovagem, uma vez que é uma das partes da boca mais afetadas pelo cigarro, podendo afetar a sensibilidade ao nível do sentido do paladar.
Visitar o dentista
Marcar consultas frequentes com os pacientes fumadores, ajuda tanto ao nível da saúde interna da boca como a sua aparência estética, através de branqueamentos dentários e revisões para evitar o desenvolvimento da periodontite.
Utilização frequente do fio dental e colutório
Complementar o cuidado oral com o uso do fio dental é essencial, para eliminar os restos de placa bacteriana entre os dentes. Por outro lado, poderão utilizar colutório, pelo menos duas vezes ao dia para combater o mau hálito produzido pelo fumo.
Deixar de fumar
O melhor conselho, será sempre deixar de fumar, no entanto, não devem fazê-lo de forma radical. A forma mais fácil e saudável seria diminuindo a quantidade de cigarros consumidos por dia.
